18/12/2008

Missa do Galo



2008 foi o ano de Machado. Houve várias comemorações, concertos, peças, lançamentos de livros que, de um modo ou de outro, homenagearam o nosso maior escritor. Por essa razão, gostaria de encerrar o ano letivo com este conto de Machado. Quem desejar, pode assistir a um curta com a Fernanda Montenegro.

Boas Festas!

09/12/2008

Pablo Neruda e o Bac



O sumiço do blog é explicável: estava em Santiago, Chile, fazendo parte da banca examinadora das provas do Baccalauréat. Para minha alegria, todos os meus alunos passaram no Bac. Bravo!

Em Santiago, visitei uma das casas de Pablo Neruda: La Chascona. E durante a visita fiquei pensando em como o poeta se sentiria ao ver a sua casa sendo invadida por visitantes? A mesma dúvida me passou pela cabeça quando li as cartas da Clarice Lispector em uma exposição aqui no Rio.

Pablo Neruda ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1971. Quem desejar, pode ler um pouco mais sobre o poeta ou até ver um filme bem legal sobre o Poema 20 de Neruda.

12/11/2008

Melhores redações em livro



A Unicamp resolveu publicar as melhores redações do vestibular. O livro parece interessante e mostra que é possível escrever um bom texto que respeite as exigências do concurso.

11/11/2008

Redação: técnicas



Os meus alunos estão sempre me perguntando sobre "as técnicas de redação". E eu costumo explicar-lhes: aprender a escrever é também uma habilidade. E, a exemplo de outras habilidades (tocar um instrumento, falar línguas, praticar um esporte), a prática é necessária. De pouco adianta uma lista de recomendações no último momento se o aluno não teve contato com a linguagem escrita, não tentou colocar as suas idéis no papel, não errou, acertou, errou novamente para finalmente acertar. O aluno que escreve bem, o faz porque ao longo do curso foi desenvolvendo a sua prática de redação.

Entretanto, é claro que é sempre bom lembrar também de alguns conselhos básicos. Neste site vocês encontrarão algumas dicas de como fazer uma boa redação. Boa sorte!

05/11/2008

Escolha de livros e Graciliano Ramos






Hoje ficou pronta a lista de livros que serão adotados em 2009 na escola onde trabalho. E São Bernardo, de Graciliano Ramos, está entre os livros escolhidos.

Penso muito sobre como trabalhar a literatura com o aluno adolescente, leitor digital e cujo processo de leitura é bem diferente do meu.

Na escola, procuramos adotar livros clássicos, já consagrados pelo tempo e também livros novos. Assim, temos Ziraldo e Flavio Carneiro, ao lado de Clarice Lispector e Machado de Assis; Ana Maria Machado e Ariano Suassuna ao lado de Jorge Amado, entre outros. As reuniões dos professores de português são sempre demoradas pois cada um de nós tem suas preferências literárias. Cada um faz a "defesa" dos seus romances favoritos, justificando a escolha, mostrando os prós de tal livro, falamos do narrador, dos personagens, da adequação à faixa etária...é sempre muito interessante e enriquecedor esse momento. Eu aprendo muito com os colegas.

Graciliano Ramos é um autor e tanto. E São Bernardo um grande romance. Será interessante trabalhar com uma realidade bem diferente da dos alunos.

Pesquisando sobre o livro, encontrei este video feito por adolescentes a partir da leitura de São Bernardo. Vejam só que criativo.

04/11/2008

Antonio Cícero


Para quem gosta de ler como eu, é sempre interessante saber que livros fazem ou fizeram a cabeça deste ou daquele escritor.

Antonio Cícero é um grande poeta. Neste vídeo ele fala, entre outros assuntos, sobre a poesia e sobre a internet. Assim, temos a oportunidade de saber um pouco sobre suas escolhas literárias. Espero que vocês gostem.

Aqui está um dos seus poemas mais conhecidos:

GUARDAR

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

..............................................


Não deixem de visitar o blog do Antonio Cícero.

01/11/2008

Conto para o fim de semana.


Gosto imensamente dos contos de fada da Marina Colasanti. A linguagem que utiliza, a delicadeza com que temas profundos são tratados e a riqueza dos detalhes têm o poder de me transportar para uma outra época. Aqui está um dos meus contos favoritos: A Moça Tecelã.

Bom fim de semana!

31/10/2008

O Corvo



Alguns alunos comemoram hoje o Halloween. Em homenagem a eles, aqui está uma tradução feita por Machado de Assis do poema de Poe.

O corvo, de Edgar Allan Poe.


Quem preferir, pode ler o poema em inglês.

Quem desejar, pode conhecer um pouco mais sobre a origem do Halloween.

24/10/2008

BAC 2008



Boa sorte aos meus alunos que farão as provas de BAC nas próximas semanas!

17/10/2008

Conto para o fim de semana: O homem que sabia javanês.



Para este fim de semana um clássico de Lima Barreto: O homem que sabia javanês. Esse conto, sempre atual, discute várias questões como a (falta da)verdade, a distância entre as palavras e seu significado, o simulacro de ações. Acho bem apropriado para os nossos dias e não me canso de relê-lo. Bom fim de semana!

http://www.espacoacademico.com.br/038/38cult_lbarreto.htm

15/10/2008

Dia dos Mestres



Uma pausa no blog para refletir sobre o dia de hoje.

Em 15 de outubro de 1827, D. Pedro I assinou a primeira lei geral sobre o ensino elementar. Mas, somente em 1947 comemorou-se o primeiro dia dos professores(em uma escola de SP). A idéia da data espalhou-se pelo Brasil e em 1963 foi oficializada por um decreto.

O que é ser professor hoje em dia? Como a profissão está mudando? Como utilizar a tecnologia a favor da educação? Como posso contribuir para que a escola torne-se mais interessante e os alunos mais interessados? Essas são algumas das perguntas que me faço quase que diariamente.

Quero desejar aos colegas professores um merecido descanso. E como presente, aqui vai uma história de Machado de Assis: Conto de Escola.

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000268.pdf

14/10/2008

Como aumentar o seu vocabulário?



Para escrever bem, além do domínio das regras gramaticais, a posse de um bom vocabulário ajuda muito. A leitura é a forma de aumentar o vocabulário sem sentir. Quando lemos, nos deparamos com novas idéias e, muitas vezes, com novas palavras. Como elas estão contextualizadas, é mais fácil aprendê-las e utilizá-las quando há necessidade. Listas de palavras soltas pecam pela falta de contexto.

Há sites que ajudam, enviando a "palavra do dia", mas nada supera a leitura.

Para quem desejar testar seu vocabulário, o site Português? É fácil preparou um pequeno teste. Vejam:

http://www.portuguesfacil.net/teste-de-vocabulario/

10/10/2008

Conto para o fim de semana: Mia Couto.



Para este fim de semana, três histórias de um escritor moçambicano: Mia Couto. Como aprendo palavras novas com Mia Couto! Frases como "o antigamente ali se arrumava" ou "um leve sorriso meninando-lhe o rosto" trazem frescor à língua portuguesa. Adoro. Bom fim de semana!

http://www.lumiarte.com/luardeoutono/miacouto1.html

Para conhecer mais Mia Couto:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto

http://www.youtube.com/watch?v=3mqMZIipwd4

A foto foi tirada daqui:
http://www.flickr.com/photos/21845260@N00/2141564458/

07/10/2008

Concurso: Seja jurado de um festival de cinema!



Até o dia 17 de outubro, quem quiser poder se inscrever em um concurso que irá selecionar 10 estudantes para participar do Júri Jovem do Festival Internacional de Curta Cinema.

Os candidatos devem ter de 15 a 18 anos, morar na cidade do Rio de Janeiro e estar cursando o ensino médio. Para participar, é preciso escrever uma resenha de, no máximo, uma lauda sobre um dos seguintes filmes:

- O Sanduíche, de Jorge Furtado;
- Saliva, de Esmir Filho;
- Hotel do coração partido, de Raony Assis;
- Estertor, de Davi Moori, Diogo Dias de Andrade e Victor Reis.

Para ver os curtas, acesse o site:

http://www.portacurtas.com.br/index.asp

O texto deve ser enviado para o e-mail jurijovem@curtacinema.com.br junto com os seus dados (nome completo, idade, escola onde estuda, série, endereço residencial e telefone). Anexe uma carta de intenções explicando por que deseja participar.

Boa sorte!

04/10/2008

Conto para o fim de semana: "Singularidades de uma Rapariga Loura".



O conto para este fim de semana é um clássico de um autor português, contemporâneo de Machado de Assis: Eça de Queirós.
Bom fim de semana!

http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/oliteraria/348.pdf

30/09/2008

O Acordo Ortográfico


Tenho lido diversos blogs, reportagens, comentários a respeito do novo acordo ortográfico. O assunto desperta paixões e discussões acaloradas. Para nós, aqui no Brasil, pouca coisa irá mudar. Mas, pegando carona no blog da Adriana Lisboa, aqui vão as mudanças que nos atingem mais diretamente.

O novo acordo entrará em vigor no dia 1 de janeiro de 2009, mas a fase de transição (a coexistência da ortografia antiga e da nova) se estenderá até 2012.

O Acordo na íntegra está aqui:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6583.htm

As mudanças:

Alfabeto
Passará a ter 26 letras, ao incorporar "k", "w" e "y".

Trema
Deixará de existir, só permanecerá em nomes próprios, como Hübner ou Müller.

Acento agudo
Desaparecerá nos ditongos abertos "ei" e "oi" em palavras como "idéia" e jibóia" e nas palavras paroxítonas com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo em palavras como "feiúra".

Acento circunflexo
Desaparecerá em palavras com duplo "o", como vôo e enjôo e na conjugação verbal com duplo "e", como vêem e lêem.

Acento diferencial
Não se usará mais acento para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição) ou "pêlo" (substantivo) de "pélo" (verbo) e "pelo" (preposição mais artigo).

Hífen
Desaparecerá em palavras em que o segundo elemento comece com "r" e "s", como "anti-rábico" e "anti-semita" . A grafia passará a ser "antirrábico" e "antissemita" . O hífen será mantido quando o prefixo terminar em "r", como em "inter-racial" .

29/09/2008

Novo blog: O Caderno de Saramago



Uma boa notícia para os fãs de Saramago: O escritor lançou um blog. Desse modo, podemos lê-lo com mais freqüência. Foi lá que fiquei sabendo, por exemplo, que Saramago terminou mais um livro: A Viagem do Elefante. Imperdível!

http://caderno.josesaramago.org/

25/09/2008

Pausa para a poesia: Paulo Henriques Britto



Toda palavra já foi dita. Isso é
sabido. E há que ser dita outra vez.
E outra. E cada vez é outra. E a mesma.

Nenhum de nós vai reinventar a roda.
E no entanto cada um a re-
inventa, para si. E roda. E canta.

Chegamos muito tarde, e não provamos
o doce absinto e ópio dos começos.
E no entanto, chegada a nossa vez,

recomeçamos. Palavras tardias,
mas com vertiginosa lucidez -
o ácido saber de nossos dias.


Do livro Tarde (Companhia das Letras), um dos vencedores do prêmio Jabuti de 2008.


Para conhecer um pouco mais a obra de Paulo Henriques Britto, visite o seu website:

http://phbritto.org/

23/09/2008

A Arte de Escrever


Vejam que interessante: Gabriel Perissé falando sobre a escrita.

http://www.youtube.com/watch?v=azW3uCAgm2o

Quem quiser conhecer mais o trabalho do Gabriel Perissé, é só visitar o seu blog:

http://www.perisse.com.br/

22/09/2008

Inspiração...onde está você?


Uma das queixas dos meus alunos é "estou sem inspiração para escrever". No caso da redação escolar, a queixa mascara, muitas vezes, outras dificuldades. Além, é claro, de reforçar o mito de que para escrever bem, você precisa andar de mãos dadas com a inspiração o tempo todo.

Vários escritores já falaram sobre o processo da escrita. Dizem eles que se há uma centelha criadora, seus textos só são concluídos com muito trabalho e esforço. Há até a famosa frase "escrever é 10% de inspiração e 90% de transpiração. Se isso acontece com escritores, profissionais que trabalham diariamente com a escrita, por que não aconteceria com um aluno de ensino médio?

É preciso tentar investigar o que realmente está por trás da "falta de inspiração". Falta de leitura, falta de intimidade com a linguagem escrita, falta de conhecimento do tema, frágil domínio da ortografia, vocabulário escasso, falta de prática e medo de expor suas idéias são algumas das possíveis dificuldades.

19/09/2008

Conto para o fim de semana: O Peru de Natal



Este é um clássico de Mário de Andrade. E também um dos textos escolhidos para o exame oral de BAC dos meus alunos. Aproveitem a leitura e bom fim de semana!

http://www.releituras.com/marioandrade_natal.asp




E para quem quiser ouvir o conto:

http://www.youtube.com/watch?v=gURpvp1ttk4

Propostas de redação


Para os alunos que estão se preparando para o vestibular: um "banco de redações".

http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/temas.jhtm

17/09/2008

Ler, ler e ler!



Uma aluna me pergunta: o que preciso fazer para escrever bem? A resposta é sempre a mesma: antes de mais nada, você precisa ler. Alguém imagina um músico que não ouça música? Um cineasta que não veja filmes? Um chefe de cozinha que não experimente a boa mesa?...pois é...como imaginar alguém que escreva bem sem a leitura? Não consigo.

É através da leitura que temos contato com a forma escrita da língua, que aumentamos o nosso vocabulário e aprendemos a ortografia. É também através da leitura que abrimos nossos horizontes, expandimos nossa consciência do mundo, tomamos contato com outras experiências. É ainda através da leitura que desenvolvemos uma consciência crítica. Só posso dizer que gosto/não gosto de algo se o conheço.

No caso da preparação para o vestibular, por exemplo, devemos ler a boa literatura e também os periódicos, os jornais, revistas que falem da atualidade. É importante estar por dentro do que está acontecendo no mundo que nos cerca.

É claro que a prática também é importante, mas é a leitura que dá um embasamento a todos que desejam escrever bem.

...........

Leitura e coesão do texto são analisadas nos vestibulares
Folha de S.Paulo
16/09/2008

Mais do que correção ortográfica, os vestibulares estão preocupados mesmo é em avaliar a capacidade de leitura e reflexão e a coesão do texto.

"A redação serve para analisar essas competências, que as questões ou testes não conseguem", afirma Francisco Platão Savioli, professor de português do Anglo. "O candidato deve escrever na norma culta da língua. Se o texto estiver muito bem encadeado, os pequenos problemas de gramática ou ortografia não pesarão tanto."

Na Fuvest, serão levadas em conta três características: tema e desenvolvimento, estrutura e expressão. A Unicamp exige que o candidato use de alguma maneira a coletânea de textos dada. Vale a pena consultar o site das instituições para ver exemplos de boas redações.

Correção

As provas são corrigidas sem que o examinador saiba quem é o candidato. Em geral, é feita uma cópia eletrônica do texto, que, em seguida, passa por dois examinadores. Se houver grande discrepância entre as notas, um terceiro corrige.

No ano passado, a redação fez com que Bruna Danielle da Silva Dias, 18, não passasse no vestibular. Ela tenta uma vaga em engenharia química.

"Eu treinava pouco e acabei indo mal. Neste ano, coloquei em primeiro plano a redação e tenho escrito bem mais. Isso vai me ajudar, inclusive, na hora de responder as questões discursivas."

Camila Mucheroni Vidiri, 21, que concorre a uma vaga em medicina, concorda: "Em carreiras muito concorridas, a redação faz toda a diferença, porque os candidatos mais bem preparados vão bem em todas as disciplinas".

Foto tirada daqui: http://www.flickr.com/photos/carlosporto/775089650/

16/09/2008

Linguagem adolescente



olah pessoau...... tudu bem??!?! keria konversah kom 6 sobre a linguagi dus adolescentis......

Meus alunos costumam se comunicar com os amigos pelo computador. E, às vezes, a linguagem que eles utilizam nas suas mensagens transborda para as redações. Eu sempre sublinho a palavra ou frase quando isso acontece e peço esclarecimentos. No entanto, numa redação oficial, o examinador espera que a língua utilizada seja o português padrão. A linguagem adolescente utizada para a comunicação informal entre amigos não é entendida por todos.

Um artigo da Folha de São Paulo informa que um programador criou um conversor on-line do português padrão para a linguagem dos adolescente. Confira aqui o artigo:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u304388.shtml

E o conversor:

http://www.coisinha.com.br/miguxeitor/

15/09/2008

Ondjaki: quem é esse moço?



Domingo é um dia especial para mim. Dia de acordar tarde, tomar um café da manhã caprichado e de ler todos os jornais, revistas, suplementos literários...e então encontro o texto de Ondjaki sobre Laranjeiras, meu bairro. Lindo texto. Um verdadeiro presente para o domingo. Prosa elegante, inteligente, apurada e altamente poética.

mais adiante, a Rua Alice, a comida agradável na Adega do Serafim, alguns metros depois, é raro não estar lá o Edgar na sua tasca, ou está de pé junto ao balcão ou fica mais ao fundo, como que saboreando a tarde, talvez pensando na vastidão do tempo que já atravessou, ali perto gritam os taxistas, buzinam, passam velozes os entregadores nas suas bicicletas gordas de rápida freqüência, o hospital das pessoas com problemas de coração, e também crianças - ali dentro se joga o futuro dos corpos e o destino das vidas, o coração, órgão que afinal cataliza a vida, ou a interrompe, frágil no seu tamanho e responsável dizem - por emoções associadas à poesia, à coragem, às decisões, aos rumos...

(Revista O Globo, domingo, 14 de setembro de 2008).

Ondjaki nasceu em Angola. É autor conhecido com romances já traduzidos para diversas línguas. En 2007 ele foi finalista do prêmio Portugal TELECOM. Ondjaki é também artista plástico e sociólogo. Após a leitura da sua crônica sobre Laranjeiras, fiquei encantada com a sua prosa e não vejo a hora de passar numa livraria para comprar um dos seus livros.

Quem desejar conhecer um pouco mais sobre Ondjaki, basta visitar a sua página pessoal:

http://www.kazukuta.com/ondjaki/ondjaki.html

12/09/2008

Conto para o fim de semana: Clarice Lispector



Clarice Lispector dispensa apresentações. Este conto, Feliz Aniversário, está entre os meus favoritos. Quem não visitou a exposição sobre Clarice ainda está em tempo: Centro Cultural do Banco do Brasil, até o dia 28 de setembro. Bom fim de semana!

http://www.releituras.com/clispector_aniversario.asp


E para quem quiser ouvir Clarice, aqui está a sua histórica entrevista:

http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok

11/09/2008

Língua escrita e oral



Freqüentemente, sinalizo nas redações o seguinte: apropriado para a linguagem oral. O que exatamente quero dizer com isso?

As línguas são organismos vivos que estão em constante mudança. Todos os dias nascem novas palavras, novos usos para as palavras já existentes, novos empréstimos, enfim, diariamente, a língua se modifica. A língua oral é aquela que usamos para a comunicação mais imediata, mais urgente. Portanto, é a língua que mais sofre modificações. A língua escrita, ao contrário, é fruto de uma reflexão. É a língua que leva maior tempo para se modificar.

Outro dia, ouvi do Prof. Evanildo Bechara a seguinte analogia: em casa, costumamos nos vestir de maneira mais simples, sem maquiagem, salto alto ou artifícios. Andamos de roupa caseira, simples, confortável. Quando saímos, procuramos cuidar um pouco mais da aparência. Colocamos uma roupa melhor, sapatos, penteamos o cabelo com maior cuidado, etc. E se vamos a uma festa, então é que nos arrumamos mais ainda. E assim acontece com a língua oral e escrita. A língua oral é aquela do cotidiano, usada para as nossas necessidades mais imediatas. Já a língua escrita, ao contário, pede uma elaboração maior. Isso porque, como já foi dito aqui, a língua escrita não conta com os mesmo recursos da linguagem oral (os gestos, a expressão facial, o tom de voz). Temos que ser mais claros, mais explícitos e também dominar melhor os recursos da língua escrita se quisermos ser compreendidos.

É claro que estou tratando aqui da língua que deve ser utilizada numa dissertação, por exemplo. Não estou falando da literatura porque nesse caso o objetivo do escritor é outro e a sua liberdade para usar a língua maior. Voltaremos a falar desse assunto em outro post.

Para conhecer um pouco melhor o assunto, leiam este artigo da Profa. Alfredina Nery:

Língua escrita e oral
Não se fala como se escreve



Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê.

O comentário é do humorista Jô Soares, para a revista Veja. Ele brinca com a diferença entre o português falado e escrito. Na verdade, em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua e é com esse fato que o Jô brincou.

Na língua escrita há mais exigências, em relação às regras da gramática normativa. Isso acontece porque, ao falar, as pessoas podem ainda recorrer a outros recursos para que a comunicação ocorra - pode-se pedir que se repita o que foi dito, há os gestos, etc. Já na linguagem escrita, a interação é mais complicada, o que torna necessário assegurar que o texto escrito dê conta da comunicação.

A escrita não reflete a fala individual de ninguém e de nenhum grupo social. Por essa razão, a fala e a escrita exigem conhecimentos diferentes. A maioria de nós, brasileiros, falamos, por exemplo, "Eli me ensinô". O português na variante padrão exige, no entanto, que se escreva assim: "Ele me ensinou". Essas diferenças geram muitos conflitos.

A leitura de um trecho do poema de Antonino Sales, "Malinculia", mostra as interferências da fala na escrita e como elas não anulam a expressividade poética de suas imagens.

Malinculia, Patrão, É um suspiro maguado Qui nace no coração! É o grito safucado Duma sodade iscundida Qui nos fala do passado Sem se torná cunhicida! É aquilo qui se sente Sem se pudê ispricá! Qui fala dentro da gente Mas qui não diz onde istá! (...)

(BAGNO, Marcos. "A Língua de Eulália: Uma Novela Sociolingüística)

A língua muda, ainda, conforme o grupo social, a região, e o contexto histórico. São as chamadas variações lingüísticas. A gíria e o jargão são algumas dessas variações.


*Alfredina Nery Professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.

08/09/2008

Sugestão de leitura


Acabei de ler um livro muito especial: O Coração Às Vezes Pára de Bater, de Adriana Lisboa. Ele faz parte de uma coleção da Publifolha chamada Cidades Visíveis. A história se passa no Rio de Janeiro e é narrada por um adolescente de 15 anos que anda de skate pelas ruas da cidade. Um pequeno volume de apenas 79 páginas, escrito numa linguagem contemporânea, ágil e que lemos de um fôlego só. Por que o livro é especial? Porque ele é daqueles que só deixamos de lado quando chegamos ao fim. Com uma história bem estruturada e numa edição caprichada, o livro tem tudo para atrair jovens leitores.

Um trecho do livro:

FUTURO, CONTINUAÇÃO

Paloma pensa no futuro. No que quer ser. No que quer estudar e com o que quer trabalhar. Já eu, não sei se adianta.

Uma vez comentei isso com ela. E ela me disse: Isso é porque você ainda não sabe ao certo o que quer. Quando souber, vai começar a fazer planos. Estudar para tentar seguir tal ou tal carreira. Coisas assim.

Minha professora de redação do ano passado, acho que já contei isso, me dizia que eu devia ser escritor ou jornalista. Ou as duas coisas, já que uma não impede a outra. Mas não sei se é isso o que eu quero. E não sei que coisas impedem outras coisas. Às vezes tudo me parece bastante confuso. Sinto falta de um manual de instruções. Como agir, em que ocasiões, o que dizer, que atitudes tomar.

Neste momento, neste exato momento em que te escrevo esta carta, sei de três coisas que quero: uma é a Paloma.

A outra é o skate e a velocidade alternativa do mundo que o skate me dá.

A terceira, acho, é tentar entender. Entender por que as coisas acontecem de um jeito e não de outro. Entender se existe uma mola dentro de nossa vida, empurrando os acontecimentos para um lado e não para outro. Se existe um mapa traçado de antemão (e, portanto, pensar no futuro de pouco adianta). Se o mapa nós mesmos traçamos. Se eu escolho os caminhos por onde passo. Se os caminhos é que me escolhem.

(Lisboa, A. O Coração Às Vezes Pára de Bater, pag. 42.Publifolha. SP)

http://publifolha.folha.com.br/catalogo/livros/136125/

07/09/2008

A literatura em língua portuguesa


Quando converso com os alunos sobre redação, sempre falo da necessidade de leitura. E dia desses, ouvi de um adolescente fortes críticas à literatura brasileira. Dizia ele que a literatura francesa era muito melhor que a brasileira (numa competição típica do espírito adolescente). Segundo esse aluno, em francês há livros que não temos vontade de parar de ler.

Sem dúvida, a literatura francesa é maravilhosa. Mas certamente temos também grandes autores e grandes livros escritos em português. O fato deste aluno desconhecê-los, ou não reconhecê-los, não significa que eles não existam.

E pensei cá com os meus botões: o que torna um livro tão bom que seja impossível largá-lo antes da última página? Há muitos fatores em jogo; discorrer sobre eles daria uma tese, e este não é o meu objetivo aqui.

Um escritor (entre muitos - a lista seria imensa!) que sabe aprisionar o leitor em suas páginas é José Saramago. Resolvi citá-lo porque o filme Ensaio sobre a Cegueira estréia no final da semana. Embora, o filme não substitua a leitura do livro (as linguagens são diferentes, no filme temos a interpretação do diretor, etc.) quem não leu a obra, poderá ter ao menos uma idéia da história criada por Saramago.

No link abaixo, dois leitores falam sobre a leitura de obras de Saramago:

http://www.museudapessoa.net/literatura/podcast/ML31_Impressoes_Jose_Saramago.mp3

06/09/2008

Concurso de redação - Globinho


Este concurso é para quem tem até 13 anos: o Globinho, caderno infantil do jornal O Globo, está selecionando 12 repórteres mirins que produzirão um caderno especial em homenagem ao dia da criança. Para concorrer, o candidato deverá produzir uma entrevista, com uma pessoa famosa ou não. As inscrições se encerram no dia 21 de setembro.

Leia o regulamento no link abaixo e participe!

http://oglobo.globo.com/blogs/bloguinho/post.asp?cod_post=124585

05/09/2008

Conto para o fim de semana


Para este fim de semana, recomendo "A terceira margem do rio", de Guimarães Rosa. O conto é de uma leveza profunda. É um daqueles textos que a cada nova leitura percebemos um novo aspecto. Aproveitem.

http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp

Caetano Veloso e Milton Nascimento fizeram uma canção baseada nesse conto. Vejam só que lindo os dois cantando quase a capella. Comovente.

http://www.youtube.com/watch?v=76vErfM3cZM


Foto de Gustavo Menezes: http://www.flickr.com/photos/gustavo_m_menezes/1245499171/

04/09/2008

Concurso literário



Caros alunos,

O Prêmio literário Correntes d´Escritas Papelaria Locus está com as inscrições abertas até o dia 30 de novembro. Quem estiver interessado, é só pedir que eu envio o regulamento por email. Agradeço à escritora Adriana Lisboa que me passou a informação sobre o concurso. Participem!

Correntes d' Escritas - 10º. aniversário - Prêmio Literário Correntes d' Escritas Papelaria Locus, no valor de 1000,00 €, dirigido a jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 18anos, de todos os países de expressão portuguesa.

Em 2009 o Prêmio distinguirá um poema.

Inscrições até o dia 30 de novembro de 2008

http://www.cm-pvarzim.pt/go/correntesdescritas
__________________________

Manuela Ribeiro
Câmara Municipal da Póvoa de Varzim
Pelouro da Cultura/Gabinete de Projectos Sócio-Culturais
Correntes d' Escritas
Tel: + 351 252 298 507/Fax: + 351 252 611 882
manuelaribeiro@cm-pvarzim.pt/correntesdescritas@cm-pvarzim.pt
www.cm-pvarzim.pt

03/09/2008

Como nasce um escritor


É sempre interessante saber como escritores começaram a escrever. Ouça no link abaixo entrevistas com Fernando Bonassi, Moacyr Scliar e Nelida Piñon falando sobre o assunto.

http://www.museudapessoa.net/literatura/podcast/ML91_ComoNasceumEscritor.mp3

02/09/2008

Livros inesquecíveis


A leitura é uma das minhas atividades preferidas. E sempre digo aos alunos: para escrever bem, é preciso ler muito. Com a leitura, não só tomamos contato com a linguagem escrita e suas regras, como também ampliamos o nosso vocabulário e, principalmente, aprendemos novas formas de olhar o mundo, a vida, os sentimentos e as pessoas.

Quando eu era criança, lia muito. Não lembro qual o primeiro livro, mas lembro que li quase todos de Monteiro Lobato. E lembro com saudades do livro A Chave do Tamanho. Depois descobri Jules Verne e Viagem ao Centro da Terra é um dos livros do qual lembro com carinho.

Depois, já adolescente, um livro que achei "chocante" foi A Metamorfose, de Franz Kafka. Seguido de A Peste, de Albert Camus. Também nessa época eu li Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Paralelamente, gostava de ler poesia. E lia muito Drummond, Bandeira, além dos poetas (e prosadores)de língua inglesa. Foi na adolescência que descobri Shakespeare. Jane Austen veio um pouco mais tarde e ainda hoje é uma das minhas escritoras favoritas. Há também os americanos como Faulkner e Hemingway. Não posso esquecer de Dom Casmurro, de Machado de Assis, Memorial do Convento, de José Saramago e de A Grande Arte, de Rubem Fonseca (livro que li na faculdade e que muito me marcou). Há também El Aleph, de Borges e, ano passado, quando estive no Chile, descobri um grande autor: Roberto Bolaño.

Hoje em dia, procuro conhecer a prosa e poesia contemporânea, como Adriana Lisboa (Rakushisha, um grande livro), Paulo Henriques Britto (Macau é imperdível!), Milton Hatoum (Relato de um Certo Oriente), José Eduardo Agualusa (O Vendedor de Passados), Coatzee (Disgrace) e Ali Smith(The Accidental), entre outros; mas, por força da profissão, acabo relendo os clássicos. E adoro porque é nesse momento que trabalho e lazer se misturam.

Também gosto imensamente de ler textos para teatro. Nelson Rodrigues (Dorotéa, A Falecida, Vestido de Noiva), Ibsen (Casa de Bonecas) e uma peça que considero perfeita sob vários pontos de vista: O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

Eu costumo dividir os livros lidos em dois grupos: os inesquecíveis que me dão vontade de reler e volta e meia eu cito passagens. E aqueles que leio e esqueço. Como o tempo é curto, não dá para ler tudo o que gostaria, ou precisaria, por isso, costumo selecionar bem os livros que leio.

E você? Quais são os seus livros inesquecíveis?

31/08/2008

ENEN 2008


Os gabaritos do ENEM 2008 já estão disponíveis:

http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2008/08/31/enem_2008_confira_gabarito_do_exame-548027058.asp

A redação teve um tema atual: A preservação da Floresta Amazônica. Bem parecido com o tema do exame simulado de ENEM que tivemos na escola. Estou torcendo pelos alunos do Liceu!

29/08/2008

Conto para o fim de semana: Saramago


Já que ando passeando pelo mundo lusófono, não poderia deixar de mostrar a vocês um conto de José Saramago: O Conto da Ilha Desconhecida. Uma história com sabor de mar. Espero que gostem.

http://www.releituras.com/jsaramago_conto.asp

Para marcar na agenda: o filme baseado no romance de Saramago: Ensaio sobre a cegueira. A estréia no Brasil está prevista para o dia 12 de setembro.

http://www.guiadasemana.com.br/film.asp?/Ensaio_Sobre_a_Cegueira/CINEMA/RIO_DE_JANEIRO/&a=1&ID=11&cd_film=1935&cd_city=36

A ilustração foi tirada daqui: http://www.flickr.com/photos/bsarte/2263049465/

28/08/2008

Escrevendo em português


Como os meus alunos (de Português como Língua Estrangeira) normalmente têm mais contato com a linguagem oral, procuro criar atividades que os façam exercitar a escrita. E a última tarefa proposta foi a criação (em duplas) de um blog. A maior parte da turma abraçou a idéia e se empenhou bastante. Alguns, superaram as minhas expectativas e elaboraram ótimos blogs.

A experiência confirma algo que eu já sabia. É muito mais fácil escrever sobre o que gostamos. Sem obrigação de ter que respeitar um tema, a escrita flui mais facilmente.

Parabéns a todos os alunos que se empenharam na atividade. Aqui estão alguns dos novos blogs na rede:

http://oparaisodoskate.blogspot.com

http://viagem-dos-sonhos.blogspot.com

http://malabargirls.blogspot.com

27/08/2008

Pontuação


Há uns anos atrás, um livro sobre pontuação tornou-se bestseller na Inglaterra. Incrível, não? O livro chama-se Eats, shoots & leaves e até a autora, Lynn Truss, ficou espantada com o sucesso de vendas. O pequeno livro desencadeou uma onda de preocupação com a pontuação, debates, entrevistas e visitas a escolas, tornando óbvio que muita gente tinha dúvidas a respeito de pontuação.

Quando escrevemos, não contamos com os mesmos recursos da linguagem oral. E para que nosso texto seja claro e fluido, precisamos utilizar a pontuação. É ela que irá indicar ao leitor as pausas, as mudanças de idéias, as reflexões. Às vezes, noto em algumas redações que recebo que nem as regras básicas são respeitadas. Por exemplo, não se pode separar o sujeito de seu predicado, ou um verbo de seu complemento.

Se alguém possui alguma dúvida a esse respeito, pode consultar uma boa gramática ou os links abaixo. Os meus alunos podem sempre me perguntar pessoalmente.

http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrgula

http://sbi_web.ifsc.usp.br/manual_rich_redpr2aed.pdf


Para quem se interessar pelo livro da Lynn Truss:

http://www.guardian.co.uk/books/2004/apr/11/features.review1

http://en.wikipedia.org/wiki/Eats,_Shoots_&_Leaves

http://www.amazon.com/dp/1592400876/ref=nosim?tag=sealarksgoodbook&link_code=as3&creative=373489&camp=211189

E para quem quiser se divertir um pouquinho, uma velha história disponível na rede:

A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena. Escreveu assim:
Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.


Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.

O sobrinho fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não!
A meu sobrinho.
Jamais será paga a conta do padeiro.
Nada dou aos pobres.


A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã.
Não a meu sobrinho.
Jamais será paga a conta do padeiro.
Nada dou aos pobres.


O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.


Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não!
A meu sobrinho? Jamais!
Será paga a conta do padeiro? Nada!
Dou aos pobres.

26/08/2008

José Eduardo Agualusa



Meus alunos estão estudando um conto do escritor angolano José Eduardo Agualusa para a prova de BAC oral. Eles terão 20 minutos para expor suas idéias sobre o texto, caso este seja selecionado pelo examinador.

O conto A noite que prenderam Papai Noel é primoroso; é um daqueles textos que nos enriquecem após a sua leitura. Recomendo também os outros contos do livro Manual Prático de Levitação que têm o poder de nos transportar a outros mundos, outras realidades.


http://www.agualusa.info/cgi-bin/baseportal.pl?htx=/agualusa/div&booknr=45&page=livros&tpp=Contos&lg=pt&cs=brown

24/08/2008

ENEM - Redação


Aos alunos candidatos ao ENEM:

Ainda há tempo de tirar alguma dúvida a respeito da prova, ou da redação. Visitem o site do ENEM ou perguntem-me diretamente.

http://www.enem.inep.gov.br/

22/08/2008

Conto para o fim de semana

Diante da riqueza e variedade da literatura brasileira, nem sempre nos sobra tempo para ler os autores portugueses, angolanos, moçambicanos, etc. No mundo lusófono, há muita gente escrevendo maravilhosamente bem. Sem esquecer dos autores clássicos, como Eça de Queirós, Fernando Pessoa e José Saramago, que devem ser lidos sempre.

Para este fim de semana, selecionei um conto de uma autora portuguesa: Sophia de Mello Breyner (1919-2004). Divirtam-se.

Retrato de Mónica
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/contomes/19/texto.html

21/08/2008

Escrever Cartas


Quando foi a última vez que você escreveu uma carta? Digo carta mesmo. Não um e-mail, mensagem ou torpedo. Conheço pessoas que nunca escreveram ou receberam uma carta. É pena, pois elas não sabem o prazer que dá receber uma carta pelos correios.

Pensei nisso ontem após a leitura da correspondência que Rubem Braga, Fernando Sabino, Guimarães Rosa e outros escritores mantiveram com a Clarice Lispector. Fiquei emocionada ao ler as cartas de Clarice para seu filho, na época um adolescente fazendo intercâmbio nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo que me emocionava, me sentia também um pouco invasora da privacidade da escritora. As cartas da Clarice estão em exposição no Centro Cultural Banco do Brasil até setembro para quem quiser lê-las.

Tenho uma querida amiga que ainda escreve cartas. Sei que parece incrível, mas nos dias de hoje ainda há pessoas assim. E como é bom receber suas cartas. Geralmente são várias páginas recheadas de notícias. É prazeroso ver a sua letra tão regular e harmoniosa no papel. E imagino o tempo que ela levou pensando em cada palavra, selecionando o que ia ou não ia me contar. Tento manter essa correspondência; embora mais demorada, sinto que nos ajuda a continuar a amizade apesar da enorme distância geográfica. É claro que tenho também os amigos que escrevem longos e-mails (eu mesmo o faço) e fico feliz quando isso acontece.

Mas, acho que há algo das cartas que se perde na rapidez dos e-mails. Não sei bem. Talvez justamente a lentidão, o escrever à mão, o refletir das idéias, o tempo empregado... Ou talvez o fato de saber que naquele papel escrito que viajou quilômetros e mais quilômetros há algo de concreto da pessoa que escreve. É como se um pedacinho dela tivesse vindo nos visitar. Mas, claro, vivemos numa época de urgências e as notícias precisam circular com rapidez. Mas será que a velocidade é sempre preferível? Será que as cartas já não têm mais razão de ser?

É interessante notar que ainda escrevemos cartas quando se trata de assuntos comerciais. Embora muitas vezes elas sejam enviadas por e-mail.

Central do Brasil
http://www.youtube.com/watch?v=pd_IWrvIaXc

Boss Ac, rapper português/caboverdiano
http://www.youtube.com/watch?v=w5GbjuXxTyc

19/08/2008

Por que escrevo?


Clarice Lispector

“Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que foi essa que segui. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E, no entanto, cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever”.

Fonte: WALDMAN, B. Clarice Lispector. São Paulo, Brasiliense, 1988.


Lembrete importante:


Começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil-RJ a exposição Clarice Lispector: A Hora da Estrela e vai até 28 de setembro. Todos lá!

http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr2/rj/DetalheEvento.jsp?Evento.codigo=32965&cod=3

17/08/2008

Escrever e escrever



Tenho “postado” aqui comentários de escritores sobre a escrita. Acho que uma reflexão, ainda que breve, se faz necessária.

O objetivo do blog é ajudar aos meus alunos a redigir melhor. Para o ENEM, para o Vestibular, para o BAC (exame de ensino médio francês). Mas sou ambiciosa e sonho além: examinar a escrita um pouco mais de perto, mostrar algumas de suas nuances para as quais nem sempre sobra tempo em sala. E desse modo, talvez, contribuir para que os alunos desenvolvam um interesse maior pela palavra escrita.

Escrever é muito mais que redigir 25 ou 30 linhas para passar numa prova. O ato da escrita é sempre um ato de coragem. Em situações de prova, o que se espera do aluno, além do domínio das regras gramaticais, é uma argumentação coerente, um vocabulário variado e bem utilizado, mas também (e principalmente) que ele partilhe com o leitor (o examinador) algumas de suas idéias a respeito do mundo (do tema proposto, no caso de uma prova). E é aí que localizo a maior dificuldade dos meus alunos.

Gustavo Bernardo, no seu livro Redação Inquieta (Formato Editorial, SP), nos diz que:

“...acontece de pensarmos borbotões de coisas, e se expressarmos o borbotão todo nos internam rapidinho. Uma expressão clara depende de gestos vigorosos de escolha, entre o que vai ser dito e o que não vai. Logo, o aprendizado da escolha, durante a vida do sujeito, determinará toda a clareza de sua expressão – ou não.

O problema é: quem escolhe se compromete. Quem escolhe se define. E certamente muitas e muitas pessoas preferem não se comprometer e não se definir... A falta da clareza espelharia a presença do medo. Pois facilitar a leitura do outro representa facilitar o seu acesso às nossas idéias, em última instância, a nós mesmos...”



Quando o aluno tem um tempo limitado para escrever sobre um tema que foi proposto por outra pessoa, o nível da sua motivação geralmente cai muito. Peço aos alunos para tentar enxergar esse momento (a redação para nota) como um treinamento para a vida futura. E tentar, ainda que o ato pareça assustador, demonstrar através da palavra escrita um pouco de quem eles realmente são.

15/08/2008

Conto para o fim de semana



Um dos meus contos favoritos de Guimarães Rosa é este: Famigerado. Gosto desse conto porque nele a palavra tem um lugar central e o saber tem aquele sabor que nos fala Roland Barthes. Imperdível.

Bom fim de semana.

http://www.releituras.com/guimarosa_famigerado.asp

14/08/2008

Bienal Internacional do Livro - SP



Começa hoje, 14 de agosto, a Bienal Internacional do Livro. Fica aqui a sugestão para quem puder visitar SP nessa época. A Bienal vai até o dia 24 de agosto.

http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL723403-7084,00-BIENAL+DO+LIVRO+DE+SP+ABRE+NESTA+QUINTA+E+ESPERA+PUBLICO+DE+MIL.html

13/08/2008

Por que você escreve?


Esta é uma das perguntas mais freqüentes que se costuma fazer a um escritor. Aqui está a resposta de Moacyr Scliar.

Por que escrevo?
Moacyr Scliar

“Quando criança, eu era adicto à literatura, não podia ficar sem ler. A minha conexão com a vida acontecia via literatura. Eu lia para aprender a viver, para saber o que fazer. É claro que isso provoca muitas desilusões, muitos choques, porque a vida não é literatura. Assim, quando comecei a escrever, foi porque lia. Outra razão é que meus pais foram grandes contadores de história. Numa noite quente como esta, as pessoas do meu bairro se reuniam para contar histórias, o que, desde muito cedo se incorporou em mim, passou a ser uma coisa que eu também queria fazer, só que à minha maneira, escrevendo”.

Fonte: Folha de São Paulo, 4/2/1996.

12/08/2008

Quem leu o manual?


Todas as informações sobre a prova, inclusive como a redação será avaliada, podem ser encontradas no Manual do Candidato:

http://www.inep.gov.br/salas/download/enem/Cartilha_2008.pdf

10/08/2008

A folha em branco...e agora?


Quando estamos em situação de prova, temos as dificuldades usuais mais a pressão para terminarmos a redação dentro do tempo permitido. Muitas vezes, vejo os alunos passarem à escrita do texto sem elaborarem um plano para a redação. No entanto, a etapa de planejamento é crucial. Poucas são as pessoas que, sem planejar, conseguem escrever de primeira um texto organizado, coerente e sem erros gramaticais.

E como planejar a redação?

Há várias formas de planejar e a escolha dependerá muito do estilo de cada um. Não há fórmulas mágicas ou receitas prontas. Aqui está apenas uma sugestão.

Após uma leitura atenta dos textos de apoio, o aluno, mesmo que de forma desorganizada, deve lançar no papel todas as suas idéias (opiniões, perguntas, comentários, citações, etc.) na folha de rascunho.

Essas idéias poderão então ser agrupadas de diversas maneiras: causas e conseqüências, diferenças e semelhanças, problemas e soluções, etc.

Passa-se então à seleção das idéias. Nem todas devem ou têm que ser aproveitadas no texto final. Após essa seleção, pode-se iniciar a elaboração do plano de redação.

No caso da dissertação, geralmente, segue-se a estrutura tradicional: introdução, desenvolvimento e conclusão. Como o espaço para a redação é previamente delimitado, esse planejamento é importantíssimo.

Continua...

08/08/2008

Conto para o fim de semana


Conversava com os alunos sobre este conto de Machado de Assis: Um homem Célebre. O personagem, Pestana, é um compositor bem-sucedido de polcas. E infeliz. Infeliz porque intimamente desejava compor música erúdita e, assim, entrar para a galeria dos grandes compositores. O conto expõe, como bem mostrou José Miguel Wisnik no ensaio "Machado Maxixe" a fratura de dois mundos (a música popular e erudita)que se mesclam no Brasil.

Nesse conto, de forma brilhante, Machado mostra um pouco da vida cultural do final do século XIX.

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000232.pdf

Mas, esse é um conto para se ler e ouvir. Aqui está uma polca composta por Chiquinha Gonzaga: "Atraente".

http://www.youtube.com/watch?v=_6ameIYuCwY


Bom fim de semana!

07/08/2008

Ortografia


Alguns alunos pensam que escrever bem é sinônimo de conhecer a ortografia da língua. Isso é verdade até certo ponto. É claro que não se pode fazer uma omelete sem ovos. O domínio das normas gramaticais (inclusive da ortografia) é muito importante. Mas, não é tudo.

Para ajudá-los, aqui estão os 100 erros mais comuns nas redações. Atenção: algumas das regras foram modificadas com o novo acordo ortográfico. Oportunamente, falarei mais a respeito da nova reforma.

1. "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

2. "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.

3. "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.

4. "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.

5. Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

6. Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.

7. "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.

8. "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.

9. "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

10. "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.

11. Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.

12. Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.

13. O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.

14. Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).

15. Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.

16. Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.

17. Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.

18. "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.

19. "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.

20. Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.

21. Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

22. Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

23. Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

24. O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

25. A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

26. Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

27. "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

28. Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

29. A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

30. Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

31. O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O "fuzil" (fusível) queimou. / Casa "germinada" (geminada), "ciclo" (círculo) vicioso, "cabeçário" (cabeçalho).

32. Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?

33. "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

34. O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

35. Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.

36. "Fica" você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.

37. A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

38. A corrida custa 5 "real". A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.

39. Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.

40. Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.

41. Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

42. "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.

43. Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.

44. Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.

45. Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.

46. Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.

47. Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.

48. O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não "junto ao") Procon.

49. As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

50. Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos") um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo "formado-me").

51. Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.

52. Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.

53. A artista "deu à luz a" gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu "a luz a" gêmeos.

54. Estávamos "em" quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.

55. Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.

56. Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.

57. O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

58. À medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.

59. Não queria que "receiassem" a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).

60. Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

61. A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)

62. Não "se o" diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.

63. Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.

64. Fique "tranquilo". O u pronunciável depois de q e g e antes de e e i exige trema: Tranqüilo, conseqüência, lingüiça, agüentar, Birigüi.

65. Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.

66. "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.

67. Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.

68. Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.

69. Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos").

70. Vou sair "essa" noite. É este que desiga o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).

71. A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.

72. A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa ma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.

73. Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.

74. Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.

75. Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.

76. Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeqüe", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.

77. Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc.

78. Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo", "reavê", etc.

79. Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

80. O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.

81. A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...

82. Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

83. Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.

84. "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.

85. A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).

86. Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).

87. O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.

88. Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.

89. "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras).

90. A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas").

91. O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.

92. "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.

93. A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.

94. É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...

95. Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si").

96. Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

97. A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.

98. "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idéias...

99. Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.

100. "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.


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http://www.algosobre.com.br/redacao/100-erros-comuns-em-redacao.html