17/08/2008

Escrever e escrever



Tenho “postado” aqui comentários de escritores sobre a escrita. Acho que uma reflexão, ainda que breve, se faz necessária.

O objetivo do blog é ajudar aos meus alunos a redigir melhor. Para o ENEM, para o Vestibular, para o BAC (exame de ensino médio francês). Mas sou ambiciosa e sonho além: examinar a escrita um pouco mais de perto, mostrar algumas de suas nuances para as quais nem sempre sobra tempo em sala. E desse modo, talvez, contribuir para que os alunos desenvolvam um interesse maior pela palavra escrita.

Escrever é muito mais que redigir 25 ou 30 linhas para passar numa prova. O ato da escrita é sempre um ato de coragem. Em situações de prova, o que se espera do aluno, além do domínio das regras gramaticais, é uma argumentação coerente, um vocabulário variado e bem utilizado, mas também (e principalmente) que ele partilhe com o leitor (o examinador) algumas de suas idéias a respeito do mundo (do tema proposto, no caso de uma prova). E é aí que localizo a maior dificuldade dos meus alunos.

Gustavo Bernardo, no seu livro Redação Inquieta (Formato Editorial, SP), nos diz que:

“...acontece de pensarmos borbotões de coisas, e se expressarmos o borbotão todo nos internam rapidinho. Uma expressão clara depende de gestos vigorosos de escolha, entre o que vai ser dito e o que não vai. Logo, o aprendizado da escolha, durante a vida do sujeito, determinará toda a clareza de sua expressão – ou não.

O problema é: quem escolhe se compromete. Quem escolhe se define. E certamente muitas e muitas pessoas preferem não se comprometer e não se definir... A falta da clareza espelharia a presença do medo. Pois facilitar a leitura do outro representa facilitar o seu acesso às nossas idéias, em última instância, a nós mesmos...”



Quando o aluno tem um tempo limitado para escrever sobre um tema que foi proposto por outra pessoa, o nível da sua motivação geralmente cai muito. Peço aos alunos para tentar enxergar esse momento (a redação para nota) como um treinamento para a vida futura. E tentar, ainda que o ato pareça assustador, demonstrar através da palavra escrita um pouco de quem eles realmente são.

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