09/11/2009

Ruy Castro



Para refletir sobre a língua portuguesa, transcrevo aqui um trechinho de uma entrevista com o jornalista e escritor Ruy Castro que tirei do jornal Rascunho.

No texto Perigo - palavras enlouquecendo (2002), ao apontar uma série de barbaridades cometidas diariamente contra a língua portuguesa, o senhor escreve que "num processo galopante de degeneração da língua, estamos falando como zumbis, e os jovens, talvez, mais do que todos". O senhor acredita que a língua portuguesa passa por maus bocados neste momento no Brasil? E a que (ou a quem) o senhor credita este descaso?
Hoje de manhã, uma amiga minha me disse candidamente: "Fulano me adicionou no Facebook" - e, pela minha cara, caiu em si, sentiu o ridículo, viu que estava falando em internetês e começou a rir. Já falamos melhor, não? Apesar dos acréscimos à língua - usamos hoje palavras que não existiam há 20 ou 30 anos, porque não havia função para elas -, temo que o vocabulário de uso corrente tenha sido consideravelmente reduzido. A culpa disso é nossa, que trabalhamos com livros, jornais, revistas - não estamos sabendo resistir à pauperização da língua. Sempre que deixamos de usar uma palavra ou expressão, porque ela "pode não ser entendida pela maioria", contribuímos para sua morte - e aí é uma ferramenta lingüística a menos. Se quiser se certificar do estado deplorável da língua na boca do povo, ouça as entrevistas dos jogadores de futebol depois dos jogos - eles nunca foram, nem precisaram ser grandes oradores, mas, neste momento, duvido que a maioria deles use mais que umas mil palavras no dia-a-dia. E todos usam as mesmas palavras: "com certeza", "a gente já sabia" e "agora é levantar a cabeça".

Quem tiver interesse, pode ler a entrevista completa aqui.

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